A saúde mental dos confinados do 'BBB 24' é sempre um assunto que vem à tona no reality. Ficar até 3 meses em uma mesma casa sem acesso à informações externas e envolvido em situações de conflito constantemente pode favorecer o desequilíbrio emocional de qualquer um. O assunto voltou a ser tocado na mídia após o comportamento de Vanessa Lopes no reality, que começou a criar diversas teorias sobre o programa e optou pela desistência, após não aguentar mais a pressão lá dentro.
No caso de participantes que já possuem transtornos como ansiedade e depressão, a luta é ainda maior, principalmente por conta da restrição aos remédios controlados no 'BBB'. Afinal, por que alguns remédios controlados podem ser utilizados e outros não? E quais são os perigos dessa decisão?
O uso de remédios dentro do 'BBB' é controlado de forma rígida pela produção do reality. O objetivo é evitar o uso exagerado e garantir que eles sejam utilizados apenas quando realmente necessário. Por isso, em caso de machucados, doenças, febre ou outras enfermidades, a produção pode disponibilizar o tratamento. Já no caso de remédios controlados, é diferente. Remédios para pressão alta e diabetes, por exemplo, estão permitidos. Porém, medicamentos para depressão e ansiedade não podem ser levados para o 'BBB 24'. Mas afinal, por que há essa distinção?
O renomado psicólogo Romanni Souza explicou que as possíveis consequências da falta de medicamentos para doenças como pressão alta são muito mais visíveis que aquelas que aparecem em virtude da depressão ou ansiedade. "Quando se fala de uma pessoa que tem problemas de pressão alta, isso pode acarretar (se ela ficar sem medicamento) problemas graves que podem causar consequências para quem está organizando o programa. Por exemplo: imagina uma pessoa ter um ataque cardíaco devido um problema de pressão alta ou, por exemplo, algum tipo de AVC? Então, esse se torna um cuidado mais claro. Os problemas da pressão alta são muito visíveis, enquanto que os da depressão são, muitas vezes, invisíveis do lado de fora - mas muito visíveis do lado de dentro", explicou.
O especialista ressaltou que a depressão envolve muitos fatores e tirar os remédios controlados de forma brusca pode acabar trazendo consequências graves para a saúde. "Quando se fala em depressão, é importante entender que ela é um transtorno neuropsicológico. Ou seja, tem fatores biológicos, fatores que tem a ver com genética, com corpo, tem a ver com a forma como a pessoa está se alimentando, como está o sono dela, fatores de relação emocional e até hereditárias. Então, não dá para tirar isso, não dá para desconsiderar isso", disse.
O psicólogo explica que, quando uma pessoa que já está acostumada a tomar antidepressivo durante muito tempo interrompe a medicação sem orientação médica, ela pode ter uma recaída para a depressão e os sintomas são piorados. Além disso, também pode desenvolver problemas físicos, já que a falta do medicamento interfere no corpo todo. "Sem a orientação médica, pode acarretar, por exemplo, dores de cabeça, irritabilidade, ansiedade, alterações de humor... então, isso é importante se considerar", esclarece Romanni Souza.